quinta-feira, 11 de junho de 2009

O TÚMULO DO FUTEBOL - por Xico Sá

Hoje Os Palpiteiros brindarão os eventuais blogueiros com um texto do colunista da Folha de São Paulo, Xico Sá, por concordar totalmente com suas colocações.

Nossos agradecimentos ao Xico Sá pela canja! Apreciem:

XICO SÁ
Túmulo do futebol

De tanto proibir, São Paulo proibiu o torcedor de ir ao estádio, que se tornou uma praça dos vândalos

AMIGO TORCEDOR , amigo secador, é triste, mas São Paulo, terra de muito samba, choro e rock'n'roll, está virando o túmulo do futebol. Foi a primeira a proibir cerveja, depois proibiu batucada, bandeiras... E, de tanto proibir, fez dos clássicos os incríveis jogos de uma só torcida. Palmas!

O pior: tantas proibições só proibiram a alegria, a prova dos noves do velho Oswald, o maior colunista de esportes da história paulistana (vide o jornal "O Homem do Povo"), e nada de proibir a dita cuja, a violência, essa dama bruta que toca o terror e sempre aparece travestida de velha da foice.

Proibir, aliás, é a única moral dos mandatários dos nossos tempos.Quem não faz vai lá e proíbe, é bem mais fácil, sempre em nome das melhores das intenções e da cartilha do politicamente correto. Sim, a violência nos estádios e nos arredores não é monopólio de São Paulo, mas aqui o pânico tem sido frequente, como a emboscada, o pavor e a morte na noite gelada de anteontem.

De tanto proibir, proibiram o torcedor de ir a campo. Eles conseguiram. A praça é dos vândalos como o céu é do monóxido de carbono. Resta esperar o fim da novela mais chata do planeta, sentar a bunda no sofazão e ver o jogo pelos olhos das câmeras da TV, que manda nessa joça.

Pelo menos uma boa lição disso tudo aprendemos: proibir não é o caminho, não adianta, talvez o segredo esteja no seu contrário. Em liberar geral, como na mais sensata, e ainda utópica, política antidrogas.
Vigiar e punir, essa obsessão barata, nunca foi o truque, só provocou mais desgraças mundo afora.

"Mas chega de chatice, seu Francisco, o recado foi dado, sossega, sem essa de panfleto filosófico na tribuna sagrada de todos os secadores", cutuca Edgar, meu corvo. Eu obedeço, não está mais aqui o cronista cricri. xico.folha@uol.com.br

Conforme o raro leitor pode perceber, não resta nada a acrescentar depois do brilhante texto de Xico Sá.

Quem, como eu, freqüentou estádios por 40 anos, há muito tempo se escondeu no “sofazão” pra curtir seu futebol e a tristeza dos excluídos.

É triste. Mas é isso!
Miguel Izidoro